Carência de nutrientes é capaz de atuar nas sinapses entre as células cerebrais, alterando a expressão de centenas de genes
As conseqüências da má nutrição para o feto dependem do período, severidade e duração da restrição dietética. Adicional energia, proteínas, vitaminas e minerais são requeridos durante a gravidez para suportar a demanda metabólica da gravidez e do crescimento fetal.
Gestantes que fazem dietas alimentares no início da gravidez podem colocar em risco o desenvolvimento cerebral do feto. De acordo com estudo publicado no periódico Proceedings of National Academy of Sciences, crianças geradas em períodos de restrição alimentar das mães tendem a atingir taxas menores de quociente de inteligência (QI) e a apresentar mais problemas comportamentais. A pesquisa foi conduzida em babuínos, animais com o desenvolvimento fetal muito similar ao humano.
Para a equipe de especialistas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, responsável pelo estudo, a carência de nutrientes vitais e de calorias nos primeiros meses da gestação r
eduz a formação de conexões entre as células, a divisão celular e interfere nos fatores de crescimento do feto. Esse déficit é capaz ainda de atuar nas sinapses entre as células cerebrais, alterando a expressão de centenas de genes – dos quais grande parte tem influência direta no crescimento e no desenvolvimento.
Segundo os especialistas, gestantes adolescentes correm riscos maiores, uma vez que parte dos nutrientes ingeridos por elas acaba sendo usada para o desenvolvimento do corpo da própria mãe. Em gestações tardias, os riscos para o feto acontecem porque há uma redução no fluxo sanguíneo para o útero, diminuindo a quantia de alimentos levada ao feto.
“Esse estudo demonstra a importância de uma alimentação correta na gestação. Uma dieta pobre pode interferir diretamente no desenvolvimento dos órgão do feto. No caso, estamos falando especificamente sobre o cérebro”, diz Thomas McDonald, um dos responsáveis pela pesquisa.
Efeitos futuros – O desenvolvimento da saúde tem se mostrado um fator fundamental no aparecimento futuro da obesidade, da diabetes e de doenças cardíacas. Com os novos dados, os cientistas esperam conseguir relacionar o processo de desenvolvimento (da formação do feto) também no contexto do aparecimento de doenças como o autismo, a depressão, a esquizofrenia e outros tra
nstornos cerebrais.
“A pesquisa incentiva ainda os especialistas a rever a noção fortemente aceita de que durante a gestação a mãe é capaz de proteger o feto de desafios alimentares, a exemplo da má nutrição”, diz McDonald.
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