Os pacientes que se submeteram à cirurgia foram Jherikson Diniz, 23 anos, que mora em Limoeiro do Ajuru, nordeste do Pará; e Rosilene de Lima, 35 anos, que mora em Belém. Ele perdeu a audição há 14 anos, depois de ter caxumba; e ela, há uma década, após sentir febre forte. Ambos são pacientes pós-linguais, isto é, que perderam a audição, mas aprenderam a falar e possuem memória auditiva.
Segundo o cirurgião José Cláudio Cordeiro, professor e coordenador do Serviço de Otorrinolaringologia da UFPA, o implante coclear - chamado também de “ouvido biônico” - transcorreu da forma esperada pela equipe multidisciplinar. “O trabalho de todo o grupo foi um sucesso. Estamos satisfeitos e esperamos que, depois da ativação, os pacientes consigam melhores resultados com a reabilitação auditiva.”
Para o diretor geral do HUBFS, professor doutor Paulo Amorim, a realização desse procedimento, considerado de alta complexidade, faz com que a UFPA revele à sociedade paraense que tem potencial para ajudar a melhorar a saúde no Estado. “Experiências como essa fazem com que a Universidade mostre sua cara através dos muros e beneficie, principalmente, a população carente do Pará.”
O professor doutor Robinson Koji Tsuji, que participou das cirurgias e pertence à equipe de implante coclear do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, afirma que o Pará precisa comemorar, “porque essa atividade exige equipe qualificada e treinamento longo. Além disso, não há perspectiva para que o Ministério da Saúde abra um novo centro na Região Norte”, ressalta Koji, presidente da Central Brasileira de Implante Coclear.
Implante - O implante coclear é um aparelho colocado cirurgicamente, o qual fz a função das células ciliadas lesadas ou ausentes
do ouvido interno e restaura – ou cria – a capacidade de captar e compreender o som, sendo encaminhado diretamente ao nervo auditivo, por meio de estímulos elétricos que chegam ao cérebro, possibilitando uma percepção sonora clara, inclusive da fala.
Ativação – A ativação do aparelho, geralmente, acontece entre 30 e 40 dias depois da cirurgia. Essa etapa é comandada pela fonoaudióloga do HUBFS, Cintia Yamaguchi, que ajudará os pacientes a descobrir, brevemente, todos os benefícios do implante coclear. “Na reabilitação audiológica e auditiva, eles começam a aprender a ouvir os novos sons. Os ajustes periódicos nos equipamentos acontecem todos os meses e se prolonga à medida que eles obtêm o nível de audição satisfatória”, esclarece Cintia.
Cirurgias – As últimas duas cirurgias realizadas foram garantidas por meio do credenciamento que o HUBFS conseguiu com o Ministério da Saúde, previsto na Portaria 4.065, de 17 de dezembro de 2010, a qual estabelece recurso anual no montante de R$ 1,1 milhão, a ser incorporado ao teto financeiro de média e alta complexidade do Estado do Pará e do município de Belém. “Com isso, realizaremos duas cirurgias por mês. Hoje, temos 50 pacientes selecionados para realizar o implante, então, objetivamos ampliar o atendimento. Por isso, vamos conversar com o novo secretário de Saúde do Estado, Hélio Franco, e solicitar que nos garanta as 16 das 18 cirurgias que a gestão tinha doado ao HUBFS. Duas já ocorreram em outubro de 2010”, explica o professor Cláudio.
Implantados – Até outubro de 2010, eram cerca de 300 mil implantados em todo o mundo. No Brasil, onde se realiza 500 implantes ao ano, eram mais de 3 mil. Os Estados brasileiros que possuem Centro SUS de implante coclear são: Rio Grande do Sul (1 centro), Paraná (2 centros), São Paulo (3 centros na capital, 4 centros no interior), Rio de Janeiro (1 centro), Minas Gerais (4 centros), Distrito Federal, Bahia (1 centro), Pernambuco (1 centro), Rio Grande do Norte (1 centro), Ceará ( 1 centro) e, agora, o Pará (primeiro centro na Região Norte).
Texto: Cleide Magalhães – Assessoria de Comunicação do HUBFS